A Inclusão do Aluno Surdo na Escola Regular
É impossível apoiar-se no que falta a uma
criança, naquilo que ela não é. Tornar-se necessário ter uma ideia, ainda que seja
vaga, sobre o que ela possui, sobre o que ela é (…)” VYGOTSKY Lev
Segundo a perspectiva
sócio histórica de Vygotsky, pensar em inclusão do Surdo na escola regular, é
antes de tudo pensar em socialização, em relações interpessoais.
Temos no Brasil legislações
que apoiam essa inclusão. São elas a Lei 10.436/2002 que reconhece a LIBRAS
(Língua Brasileira de Sinais) como segunda língua oficial do Brasil. O Decreto
de Lei 5.626/2005 que regulamenta a Lei supracitada e dá outras providências. E
a Lei 12.319/2010, que regulamenta profissão do TILS (Tradutor e Intérprete de
Língua de Sinais).
05/09/2013 14:25
Texto Cynthia Costa
Texto Cynthia Costa
O ideal de inclusão defendido pelas leis atuais prevê
que todas as crianças frequentem a escola regular, e esta deve se fazer apta a
recebê-las. Mas o que acontece quando a primeira língua dos alunos não for o
português? A questão se complica. Os surdos têm como primeira língua aquela
com a qual se sentem mais à vontade, e que os ajuda a expressar melhor ideias e
sentimentos: a língua de sinais brasileira (ou Libras).
E é por isso que, em sua maioria, a comunidade surda - representada, entre
outros órgãos, pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
(Feneis) - defende não a inclusão em classes comuns, mas a existência de
escolas bilíngues, com salas em que sejam ensinados a língua
de sinais e o
português escrito.
Sobre surdez
Existem vários graus de surdez. Diz-se que a pessoa pode ser
surda ou deficiente auditiva, variando o nível de audição residual que ela
apresente. Em geral, a surdez total é congênita e relacionada à hereditariedade
- que, por sua vez, tem relação com ocorrências de consanguinidade na família.
É interessante saber que, mesmo quando existe audição residual, a pessoa pode
optar pela comunicação na língua de sinais, que é mais adequada à sua
expressão. O mesmo ocorre com os aparelhos auditivos: embora eles facilitem a
audição, a criança que usa o aparelho pode optar por se comunicar na língua de
sinais. "Conheço crianças que desligam o aparelho ao chegar à escola, pois
lá encontram coleguinhas com os quais se comunicam por meio dos sinais",
comenta a professora Sônia Marta de Oliveira. 05/09/2013 14:25
Texto Cynthia Costa
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Tudo começa em casa
Tudo começa em casa Infelizmente, muitas crianças surdas só
têm contato com a língua de sinais na escola. "Sabemos que 90% das
crianças surdas têm pais ouvintes, mas poucos deles se dispõem a aprender a
língua de sinais para se comunicar com os seus filhos", lamenta a
professora Sônia Marta de Oliveira. O resultado disso é desastroso: até a idade
escolar, a criança não aprende a se comunicar nem em português nem na língua de
sinais, desenvolvendo apenas fragmentos de comunicação. E, às vezes, não sabe
nem o seu nome! Por isso, o ideal é que o contato com a língua de sinais, por
meio da qual ela se comunicará bem, se dê o mais cedo possível.
"Antigamente, os fonoaudiólogos desaconselhavam a língua de sinais, pois
achavam que ela impediria as crianças surdas de tentarem falar. Hoje, a maioria
já sabe que é pela língua mais apropriada a elas que elas se desenvolverão melhor",
ressalta a professora, com experiência de quase 20 anos com alunos surdos. 05/09/2013
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Texto Cynthia Costa
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Professores preparados
O
professor regular que tenha uma ou mais crianças surdas na classe tem de fazer
de tudo para se comunicar com elas. No entanto, mesmo que ele aprenda a língua
de sinais, a presença de um professor surdo, que domine as libras como primeira
língua e possa ensiná-la e facilitar a comunicação da criança, também é
fundamental. "Só um adulto surdo ensina bem a língua de sinais para outro
surdo", destaca a psicopedagoga Mary Lopes Frizanco, completando:
"Não se pode esquecer que a língua ‘materna’ do surdo é a de sinais, não o
português".
05/09/2013 14:25 Texto Cynthia Costa
Apoio no contraturno
Assim
como ocorre com crianças com outras deficiências, o aluno surdo que frequenta
uma classe regular deve receber apoio específico no contraturno, ou seja, no
horário em que não estiver na aula. Nesse período, ele terá o apoio de professores
que dominam a língua de sinais e podem auxiliá-lo a resolver dúvidas e a se
comunicar melhor, além do contato com materiais também específicos. Em Santo
André, na Grande São Paulo, a psicopedagoga Mary Lopes Frizanco assessora a
inclusão de mais de mil alunos surdos que frequentam a escola regular.
"Esse apoio a mais é essencial", enfatiza ela, que também acredita no
exercício do bilinguismo, ou seja, que a criança não abra mão da língua de
sinais. "Acredito na inclusão, mas não a qualquer preço", diz.
05/09/2013 14:25 Texto Cynthia Costa
Afabetização
"O português é aprendido como uma língua estrangeira", explica
a professora Sônia Marta de Oliveira. "Primeiro, a criança aprende a
língua de sinais, que é a sua primeira língua, por meio da qual ela se
comunicará de forma mais completa. Depois, aprende o português como segunda
língua", complementa Sônia, lembrando que a língua de sinais tem gramática
e sintaxe próprias, e é complexa como qualquer outro idioma. No aprendizado do
português, as crianças surdas costumam até a fazer comparações linguísticas.
"Para crianças surdas, o caminho da alfabetização em português deve ter
ênfase em recursos visuais", recomenda a professora.
05/09/2013 14:25 Texto Cynthia Costa
Escola Bilingue
Como ela funciona? "Com
classes regulares e classes para surdos, nas quais a primeira língua é a de
sinais, e o português é ensinado como segunda língua", esclarece a
professora Sônia Marta de Oliveira. Já existem muitas escolas bilíngues no
Brasil, que são aceitas por lei e costumam apresentar ótimos resultados. Para
localizar essas escolas, pode-se entrar em contato com a Feneis ou
com a Secretaria de Educação de sua cidade.
05/09/2013 14:25 Texto Cynthia Costa
Perspectivas dos surdos
Antigamente, os surdos em
geral desempenhavam trabalhos manuais, como marcenaria e artesanato, justamente
devido à dificuldade de inclusão no sistema escolar. Hoje, frequentando escolas
bilíngues, escolas regulares aptas à sua inclusão ou escolas especiais para
surdos, as crianças podem se desenvolver de maneira típica, ingressando mais
tarde na faculdade e conquistando a profissão de sua preferência.
05/09/2013 14:25 Texto Cynthia Costa
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